” Empreendedores são aqueles que entendem que há uma pequena diferença entre obstáculos e oportunidades e são capazes de transformar ambos em vantagem.”
Uma das dúvidas mais frequentes de empreendedores de primeira viagem é se vale ou não a pena investir tempo em um processo de planejamento estratégico. Afinal de contas, como planejar sem uma base histórica de dados? Por que planejar, se o mundo é imprevisível e o contexto do negócio muda a cada momento? E se aparecer alguma oportunidade que possa colocar o negócio de ponta-cabeça? Ainda assim vale a pena fazer um planejamento?
A resposta é: sim. Porém, é importante que o empreendedor tenha uma consciência diferente da tradicional ao lidar com o planejamento. Primeiro, não se deve acreditar que exista uma bola de cristal, por mais sofisticado o método estatístico de previsão de demanda ou por mais elaborado o estudo setorial que se tenha em mãos.
Segundo, deve-se estar atento que o processo de planejamento é tão ou mais importante que o documento gerado por ele. Muitas vezes, a peça final (o plano) não contém a riqueza das análises e discussões geradas durante o processo. Fazer um planejamento estratégico traz um aprendizado valioso ao empreendedor, seja sobre o mercado que atua, sobre a empresa ou sobre si mesmo.
Dito isso, quais os passos de um planejamento? Tudo começa pelos fundamentos estratégicos: a clara definição do negócio (missão), propósito, visão de futuro e valores. Em seguida, é necessário avaliar o contexto externo, identificando tendências políticas, econômicas, sociais, tecnológicas e em outras dimensões que podem ser oportunidades ou ameaças para a empresa.
Ainda no contexto externo, deve-se também analisar as condições setoriais que representam os maiores desafios, como poder de fornecedores e clientes, ameaças de novos entrantes, substitutos e a concorrência.
Em seguida, o olhar deve ser direcionado para dentro, analisando os pontos fortes e fracos da empresa, seus processos, recursos e o próprio modelo de negócio. Após essa fase de análise, chega a hora de escolher a estratégia, por meio da escolha e priorização das principais ações a serem tomadas nos próximos meses ou anos.
Essas ações devem ser derivadas da combinação de pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças (a famosa análise SWOT). Esse é o momento crucial, pois normalmente é aqui que as empresas costumam se propor a realizar mais do que realmente conseguem. É o momento da escolha em si, deixando para trás (ou para depois) alguns projetos importantes.
Finalmente, as ações devem ser muito bem definidas e devem ser escolhidos os poucos e vitais indicadores de desempenho que servirão para medir os resultados e fazer ajustes, caso necessário.
A principal dica prática para o empreendedor é: mantenha a simplicidade. O plano deve ser resumido, direto e objetivo. Uma vez pronto, ele deve servir como uma referência para a jornada. Use-o para comparar o planejado com a realidade, para aprender e mudar o curso das ações se assim for necessário. Parafraseando a famosa frase “it is the trail, not the rail”, vale a pena dizer que “é a trilha, e não o trilho”.
Por David Kallás
Fonte: Revista Exame
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